sexta-feira, 2 de março de 2012

Em entrevista exclusiva, Paulo Roberto Prestes comenta expulsão no jogo contra o Fla em 87: "Nem encostei no Zico, ele me expulsou e ainda me xingou"


Foram 504 jogos, 275 vitórias, 38 gols marcados e sete títulos conquistados jogando com a camisa do Atlético. Com esses números impressionantes, o lateral-esquerdo Paulo Roberto Prestes entrou pra história do clube como um dos maiores da posição.

Nascido no estado do Rio Grande do Sul, o ex-jogador defendeu o Galo durante os anos de 1986 a 1996, tornando-se o segundo jogador que mais atuou pelo clube em Campeonatos Brasileiros, com 189 jogos.

Paulo iniciou sua carreira no Internacional de Porto Alegre em 1983 e teve uma breve passagem por Botafogo e Palmeiras. Em 1986, após se destacar em uma partida contra o Galo no ano anterior, Prestes foi contratado e chegou para ocupar a lateral durante uma década.

Com esse currículo formidável, histórias para contar e muita paixão pelo Clube Atlético Mineiro, o gaúcho falou com exclusividade para o blog.

Neste bate-papo com o Galo Imortal, Paulo Roberto Prestes comentou o lance da sua expulsão no jogo contra o Flamengo nas semifinais da Copa União de 1987, falou também sobre a derrota vexatória do Galo para o Cruzeiro em 2011 e revelou, com exclusividade, que pretende se aventurar nas eleições para câmaras municipais em 2012.

GALO IMORTAL: Em 1986 você foi contratado pelo Atlético e passou 10 anos no clube. Como você recebeu esse convite para jogar no Galo?

Paulo Roberto Prestes: Atuava pelo Palmeiras e vim jogar contra, na época o lado direito do Galo era muito forte, Nelinho e Sergio Araújo. Felizmente fui muito bem neste jogo e me contrataram. Foi uma satisfação muito grande.

GALO IMORTAL: Pelo Galo você foi penta campeão mineiro, campeão do torneio Ramon de Carranza e campeão da Copa Conmebol. Qual desses títulos mais te marcou?

Paulo Roberto Prestes: Copa Conmebol (1992) e o bicampeonato do Mineiro (88/89) onde eu fiz um gol.

GALO IMORTAL: E qual foi sua maior frustração jogando pelo clube?

Paulo Roberto Prestes: Sempre estar nas semifinais do brasileiro e não ter conseguido ser campeão nacional com o Atlético.

GALO IMORTAL: O atual momento do Atlético é de estabilidade fora do campo e de instabilidade dentro do campo. Quando o presidente Alexandre Kalil foi eleito, em dezembro de 2008, a torcida criou uma expectativa muito grande em cima dele. Mas passados 3 anos de seu mandato (foi reeleito em dezembro de 2011) em campo o Atlético não alcançou grandes resultados. Foi apenas campeão mineiro uma vez, em 2010, e lutou contra o rebaixamento nos brasieliros de 2010 e 2011. Na sua opinião o que falta para o Atlético conseguir melhores resultados? E a que você atribui os momentos de fracassos vivido pelo clube nos últimos anos?

Paulo Roberto Prestes: Não existe uma fórmula para ter sucesso, mas o caminho está sendo bem traçado, temos toda estrutura que os grandes campeões tem. Ano passado muitos apostavam no Atlético, fez grandes contratações como Diego Souza, Richarlyson, Dudu Cearense, mas nenhum correspondeu. São coisas que acontecem no futebol. Mas acredito que o trabalho está sendo bem feito e em breve o Atlético colherá os frutos.

GALO IMORTAL: O Atlético tem uma das melhores estruturas entre os clubes de futebol da América Latina. Apesar disso, pouquissímos jogadores que saíram da base alvinegra agradaram os torcedores atleticanos e também foram poucos os que deram um bom retorno financeiro para a instituição. Você considera isso um mal aproveitamento do clube sobre esses atletas ou uma grande influência de empresários dentro do Galo?

Paulo Roberto Prestes: Os empresários são sempre bem vindos, mas desde que, quem trabalhe para o clube seja uma pessoa idônea, porque o que vemos nos deixa a impressão que existe um círculo vicioso desde a base até o profissional. Quanto aos garotos até que o Galo, dentro do estado de Minas Gerais, é o que mais aproveita, mas precisam entrar no time numa fase boa.

GALO IMORTAL: Durante um jogo contra o Flamengo válido pelas semifinais da Copa União de 1987, você foi expulso pelo árbitro Dulcídio Wanderley Boschilla. Você considera que o juiz paulista foi rigoroso no lance? E se o carrinho tivesse sido dado por algum jogador do clube carioca, como o Zico por exemplo, você acha que ele teria a mesma atitude?

Paulo Roberto Prestes: Até hoje lembro muito bem deste lance, e por acaso um jornalista mandou a foto exata do carrinho, não houve contato físico. Eu também não tinha amarelo, mas encostar no Zico naquela época, em que ele vinha de uma grave cirurgia, foi fatal. O juiz ainda me xingou, incrível.

GALO IMORTAL: Paulo Roberto, de tantos clássicos que você disputou com a camisa do Atlético, qual deles foi o mais marcante?

Paulo Roberto Prestes: Joguei mais de trinta clássicos, todos tem sua história, mas ganhar do Cruzeiro na semana em que eles foram campeões da Supercopa foi como colocar água no Chopp deles.

GALO IMORTAL: E o que você achou da goleada sofrida pelo Galo no clássico que poderia decretar o rebaixamento do Cruzeiro para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro? Na sua opinião teve fatores extracampo envolvido ou o resultado se deve pela apatia dos jogadores durante o jogo? Quais seriam as conseqüências de um resultado desses na sua época?

Paulo Roberto Prestes: Na minha época, a maioria dos jogadores moravam na cidade, a lei do passe não existia, uma vergonha dessas não tenho idéia do que poderia acontecer. Se neste jogo houve alguma situação diferente, pode ter acontecido com um ou dois, mas jamais um time inteiro iria se vender. Creio que foi um relaxamento, e quando tentaram voltar pro jogo já era tarde.

GALO IMORTAL: Saindo do futebol e entrando um pouco na sua vida pessoal. É verdade que um dos maiores laterais da história do Atlético vai ser candidato a vereador nas eleições em 2012? Se sim, fala um pouco sobre essa candidatura e quais são suas propostas para ser eleito.

Paulo Roberto Prestes: Tenho sido constantemente convidado para participar. Acho que desta vez devo sair candidato, ainda estou montando uma base sólida para chegar com fôlego até o dia da eleição. Quanto aos projetos, trabalhei cinco anos no governo Pimentel, fui gerente de programas na secretaria de esportes e depois nomeado secretário. Conheço bem as necessidades e carências da nossa população mais humilde, devo atuar na melhoria estrutural e na capacitação destes jovens que tem tantas necessidades, além de fiscalizar e acompanhar os projetos de nossa cidade. Já está passando da hora de grandes mudanças na câmara, entrar pessoas com novas propostas, novas idéias.

Escrito por César Mayrink, Marcelo Fuccio e Patrésio Camilo.