segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

JOGOS QUE EU VI: 21/11/1999, data que a arrogância sucumbiu perante a humildade



"Vou ser o artilheiro do Brasileirão e ainda passarei o recorde de gols marcados em uma edição" disse Alex Alves, atacante do Cruzeiro, no final da primeira fase da competição. Ele só esqueceu que os dois próximos jogos seriam contra o Clube Atlético Mineiro.

O primeiro jogo das quartas de finais do Brasileirão terminou 4x2 para o Galo. Foi o primeiro "tapa na cara" que a equipe deu em seu rival. Zezé Perrela, presidente do Cruzeiro na época, considerou o resultado como inacreditável mas acreditava que foi apenas um pequeno empecilho no percurso rumo ao título. Julgava sua equipe melhor pois terminou com melhor campanha na primeira fase, pagava salários mais altos para seus atletas, tinha patrocínio e o time dele não treinava em "pasto" (considerava que os jogadores do Atlético não tinham condições nem para treinar).

A semana que antecedeu o segundo jogo das quartas de finais foi tensa para o Cruzeiro e motivadora para os guerreiros atleticanos. A confiança era alta e todos acreditavam que poderiam vencer também o segundo jogo, evitando assim um terceiro confronto entre as equipes.

Chegou o grande dia...

A Massa foi cedo para o estádio e, como sempre, foi a maioria no gigante da pampulha. A torcida estava empolgada, cantava sem parar, o hino do Glorioso ecoou por toda a cidade.

O Galo foi a campo com Velloso; Bruno, Gélson Baresi, Claudio Caçapa, Ronildo; Valdir Benedito, Gallo, Belletti, Robert; Marques e Guilherme. Durante a partida ainda entraram o Marcão, Adriano e Lincoln.

O jogo começou e a equipe alvinegra tentou conter, inicialmente, as investidas adversárias para explorar os contra ataques. Mas aos 34 minutos Ricardinho fez 1x0 para os rivais. A equipe alvinegra não se abateu e 3 minutos depois Guilherme empatou o confronto. E assim terminou o primeiro tempo de jogo. Os primeiros 45 minutos de partida foram muito truncados e com muitas faltas.

Começou o segundo tempo e logo aos 3 minutos a torcida do Galo tomou um susto com o gol do rival. Müller desempatou o jogo e se terminasse com esse placar, teríamos um terceiro jogo. O tempo foi passando e o técnico Humberto Ramos teve coragem e foi para o tudo ou nada, estava decidido em conseguir a classificação naquele dia. Substituiu o volante Belletti pelo meia Adriano. Deu certo. Aos 29 minutos em uma jogada rápida Marques foi à linha de fundo, cruzou para trás e CAIXA: Adriano que acabara de entrar empatava o confronto, aos 29 minutos. Com o empate o GALO não evitava ter que enfrentar novamente o rival no terceiro jogo, mas poderia até perder por um gol o último jogo que mesmo assim se classificaria.

Como dito anteriormente, o Galo queria vencer, não queria ter que jogar novamente contra o seu rival. E assim foi feito. Falta para o GALO na direita, Bruno levantou na area, André saiu catando borbeleta (e deve estar tentando achar uma até hoje) e Guilherme de peito mandou para dentro, aos 34 minutos. Alegria tomou conta da maior torcida de Minas, euforia total no Mineirão. O rival tentou no desespero (eles estavam descontrolados) empatar mas nada conseguiram.

Quando o árbitro, Oscar Roberto de Godoi, apitou o final do jogo o gigante da pampulha tremeu. O caixão do rival estava fechado, velado e sepultado. No final do jogo alguns jogadores do Atlético falaram:

"É para muita gente calar a boca" disse o artilheiro Guilherme.

"Eliminamos um time arrogante como o Cruzeiro, que sempre nos menosprezou, mas está aí o resultado" disse o capitão Gallo.

"O Cruzeiro estava de salto alto, pelo momento que vivia e pelos jogadores que tinha. O Levir reclamou, após a primeira fase, que havia perdido a vantagem por ter se classificado em segundo lugar, já que os dois jogos seriam no Mineirão. Essa declaração deu moral ao Atlético. Pensamos: 'Eles estão temerosos, estão nos respeitando. Se ele está falando isso, é porque temos qualidade'. Conseguimos a classificação na raça", Robert.

E 21 de novembro de 1999 foi um dia inesquecível para qualquer atleticano. Relembre!



Ah, antes que eu me esqueça...

Lembram do que o Alex Alves disse? Pois é, ele não conseguiu... O artilheiro do Brasileirão foi o Guilherme do Galo com 28 gols marcados.

Ficha Técnica

CRUZEIRO 2 x 3 ATLÉTICO-MG

Cruzeiro: André, Gustavo, Marcelo Djian, Cris e André Luís; Donizete Oliveira, Ricardinho (Donizete Amorim), Valdo e Paulo Isidoro (Geovanni); Alex Alves (Marcelo Ramos) e Müller.
Téc: Levir Culpi

Atlético: Velloso, Bruno, Gélson, Cláudio Caçapa e Ronildo (Marcão); Valdir Benedito, Gallo, Beletti (Adriano) e Robert (Lincoln); Guilherme e Marques.
Téc: Humberto Ramos

Gols: Ricardinho, aos 34, e Guilherme, aos 37 minutos do primeiro tempo; Müller, aos três, Adriano, aos 29, e Guilherme, aos 34 minutos do segundo tempo.

Estádio: Mineirão.
Data: 21/11/1999.
Árbitro: Oscar Roberto Godoi.
Público: 64.125.

Escrito por César Mayrinck